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Dor muscular: saiba como evitar na hora do treino

“Doutor, após algum tempo de inicio de corrida, minha perna fica dura, a dor é forte, aumenta progressivamente e eu tenho que parar de correr”. Depois de ouvir essa queixa, relativamente comum nos consultórios de traumatologistas do esporte, o corredor pode estar desenvolvendo a chamada Síndrome Compartimental em uma ou ambas as pernas. Para entendermos melhor, temos que recorrer à anatomia. Os músculos da perna estão dispostos em quatro compartimentos envolvidos por um tecido fibroso e pouco elástico chamado fascia. É como se esses músculos ficassem “semiblindados” dentro desses compartimento de paredes firmes. A síndrome compartimental se caracteriza por uma condição em que o trauma ou exercício repetitivo causa aumento da pressão do compartimento musculofascial, causando dor que pode estar associada com inchaço, formigamento e fraqueza muscular. Essa dor pode ser crônica ou aguda, e é mais comum na musculatura das pernas.

A síndrome compartimental crônica da perna é uma das lesões mais comuns induzidas por exercício em práticas esportivas, onde ocorre a sobrecarga acompanhada do impacto repetitivo, particularmente nos esportes de corrida e treinamento militar. As cargas axiais repetitivas provocadas durante a corrida aumentam pressão do compartimento. Também existem relatos de síndrome compartimental crônica no antebraço de motociclistas.

O atleta inicia atividade física sem dor e após determinado período de exercício refere dor associada ou não a alterações de sensibilidade na região lateral da perna, os sintomas aliviam com repouso e não se manifestam durante atividade de vida diária. Os sintomas surgem com a mesma periodicidade, geralmente o atleta refere dor após determinado tempo ou distância percorrido inicia com dor. As manifestações são bilaterais em 75% a 95% dos casos.

Diagnóstico da dor e tratamento

O difícil diagnóstico da síndrome compartimental crônica decorre de as manifestações clínicas apresentadas serem inespecíficas. São várias as causas de dores muscularesem atletas e para diagnóstico preciso é necessário que o médico tenha conhecimento das atividades do atleta, além de suas atividades diárias e de todos os sintomas que o paciente está sentido.

Os exames de imagem convencionais geralmente são normais, porém devem ser realizados para afastar os diagnósticos diferenciais como tibialgia, perostite ou fratura por estresse, que tem alguns sintomas muito parecidos com o da síndrome compartimental. São necessários exames dinâmicos realizados durante e logo após atividade física, quando ao iniciar a dor. Pode-se realiza a Ressonância Magnética ou eventualmente Ultra-sonografia. Porém mesmo com o teste dinâmico pode apresentar imagens normais.

O diagnóstico mais preciso é obtido por meio de medidas da pressão intra-compartimental avaliadas nos períodos pré e pós-exercício através de instrumentos de precisão.Qualquer pressão compartimental superior a 30 mmHg, medida um minuto após a realização de exercício, ou pressão superior a 20 mmHg 5 minutos após a realização do esforço, são considerados diagnósticos positivos de síndrome compartimental.

A opção de tratamento fisioterápico dever ser considerada como uma opção para acabar com esse incômodo. Porém, nos casos em que a evolução não é satisfatória, o tratamento é cirúrgico e consiste na liberação do tecido pouco elástico que envolve os compartimentos musculares afetados, permitindo a contração e expansão muscular sem que haja a compressão da musculatura da perna pela fascia pouco elástica, embora o resultado, às vezes, pode não ser o esperado.

O importante é não continuar convivendo com a dor. Além de prejudicar o resultado do exercício, um incômodo crônico como este pode diminuir muito a qualidade de vida daquelas pessoas que gostam de praticar esportes e manter a forma.

Leia também: Saiba mais sobre o benefícios da Yoga

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